Em fevereiro passado, o banco Bradesco anunciou o sucessor de Luiz Carlos Trabuco na presidência do Banco: Octavio de Lazari Junior, funcionário de carreira da instituição, com 40 anos de experiência dentro do Bradesco. A escolha do banco, mais uma vez, foi alinhada à tradição histórica da instituição em escolher profissionais com muita experiência na organização –a diferença, desta vez, é a renovação do banco no sentido de se adequar à modernidade.
Lazari não foi o único a ter novos desafios no banco em 2018. O Bradesco também renovou o primeiro escalão do banco e o Conselho de Administração: quatro dos sete vice-presidentes atuais vão fazer parte do CA: Josué Pancini (Rede e Segmento Prime), Domingos Abreu (Tesouraria e Crédito), Alexandre Glüher (Risco e Relações com Investidores) e Maurício Minas (Tecnologia) – todos com idade entre 57 e 59 anos.
Para o mercado, a escolha de Lazari agradou, tendo sido considerada uma “transição segura”. No dia do anúncio do novo presidente, as ações do Bradesco tiveram um aumento de valor em 2,3%. De certa maneira, o executivo faz a ponte entre a tradição da instituição –cujos presidentes são funcionários de carreira do banco—e às necessidades da organização em manter seu valor de mercado frente à concorrência.
De acordo com o próprio Bradesco, mais de 80% das transações bancárias acontecem hoje pela internet e pelo celular. A tarefa que Lazari tem à frente é a de continuar o processo de inovação do banco, sem deixar de lado o passado da instituição. De qualquer maneira, o Bradesco tem investido na renovação, e à semelhança do seu concorrente Itaú, inaugurou dois dias depois da nomeação de Lazari o Habitat, dentro da sua incubadora InovaBra, para abrigar empresas de tecnologia e startups. Essa tem sido a estratégia dos grandes bancos para se aproximar da inovação tecnológica sem que, necessariamente, precisem investir recursos próprios diretamente no investimento de novas plataformas.
Cultura forte
Amador Aguiar é considerado o fundador do banco Bradesco mas, Aguiar, que iniciou sua carreira em bancos aos 22 anos de idade no Banco Noroeste, foi o substituto de José da Cunha Júnior, fundador da Casa Bancária Almeida e Irmãos –que mais tarde se chamaria Bradesco. Em 1969, Aguiar passou de superintendente do banco à presidente, substituindo Cunha Junior.
Aguiar ficou à frente da presidência do banco até 1980, quando foi substituído por Lázaro de Mello Brandão, contratado pelo banco em 1942 como contínuo. Assumiu a presidência do banco em 1981, deixando o cargo em 2009, quando passou a ser presidente do Conselho do banco.
Seu sucessor foi Luiz Carlos Trabuco, que também iniciou no banco aos 17 anos de idade, como escriturário, tendo sido sucedido agora, por Lazari. Nessa movimentação, Trabuco passou a ser o presidente do Conselho, e Cypriano assumiu a Presidência da Fundação Bradesco.
Composição Societária
A composição acionária do Bradesco é bastante complexa, e envolve familiares de Aguiar, e outras empresas e entidades. O maior acionista do banco é a Cidade de Deus S.A, com 48,37% ON, (ou ações ordinárias, que possuem direito a voto) do banco. A organização é controlada pela Família Aguiar (20,89% ON), Fundação Bradesco (33,63% ON) e outra controladora, a Nova Cidade de Deus (45,48% ON).
Entretanto, a Cidade de Deus S.A é controlada por outras duas instituições, a BBD Participações S.A – dos administradores e funcionários do banco (53,70% ON) e também pela Fundação Bradesco que detém 45,48% das ações da empresa.
Hoje, o Bradesco, além da Cidade de Deus S.A, também tem como acionistas a Fundação Bradesco (17,07% ON), o mercado (23,63% ON), o Bank of Tokyo/Mitsubishi – UJF (2,5% ON) e a NCF Participações, veículo de investimento dos sócios do Bradesco.