A jornada de sócios, empresários, conselheiros e executivos é muito desafiadora. Atuar com alinhamento, visão de futuro, engajamento, compromisso e lidar com as divergências são habilidades que valem ouro. Um profissional externo possibilita uma distância saudável, maior isenção, permitindo um olhar mais objetivo das questões delicadas além de um pensamento fora da caixa. Esta distância favorece uma observação ativa.
É preciso saber como escolher este profissional. Mencionamos aqui algumas considerações sobre o papel deste profissional. Em primeiro lugar, mesmo que tenha diferentes atuações, é preciso ter clareza se está no papel de terapeuta, coach, facilitador, consultor, mediador, conselheiro, advogado, educador ou especialista.
Os princípios de sua atuação devem ter em comum a transparência. É importante que o cliente tenha um ambiente no qual se sinta seguro para poder se abrir e colaborar na construção de novos caminhos. Tanto a mediação, coaching, como a consultoria se pautam pela visão do futuro, como os sócios ou conselheiros querem interagir, como querem se organizar.
Conhecer e abordar como funciona a dinâmica, o exercício do poder e influência é fundamental para que mediadores, advogados e consultores possam apoiar o equilíbrio entre os stakeholders (investidor, familiar, executivo, colaborador).
Para transformar um conflito, é necessário visualizar além do seu conteúdo imediato, identificar os padrões de interação e promover processos construtivos de mudança. É preciso promover e encorajar os indivíduos a identificarem e se expressarem posicionando de forma colaborativa.
As soluções são concebidas para colocar a organização em um novo patamar e permitir que a partir daí possa evoluir por si. Dependência não é o melhor caminho.
Importante tratar cada caso como um caso: as dificuldades podem ser semelhantes, mas a cultura e a dinâmica de cada família e as características das organizações são distintas e, portanto, as soluções também são “customizadas”.
E quando estamos falando em vários profissionais e fornecedores é fundamental que os profissionais atuem de forma alinhada. Este é um grande desafio, uma vez que infelizmente pode ocorrer que cada profissional se perceba como o principal contato com o cliente, e em vez de atuar em colaboração, compete o que muitas vezes traz confusão para o processo e instabilidade para quem contratou, atravessando fronteiras de atuação ou repetindo a dinâmica do cliente. Quem elege o maestro é o cliente, pela confiança. O advogado muitas vezes será o primeiro agente, seu papel engloba aconselhamento técnico, contribuição nas opções, e na elaboração pela instrumentalização. Poderá também identificar e indicar a mediação, complementando o trabalho de orientação jurídica com a dimensão que vai trabalhar as questões subjetivas da relação.
Já no Conselho de Administração, o conselheiro externo (não membro da família), além de seu expertise técnico, também deve promover boas práticas de governança e apoiar a implementação da evolução ou transição que aquela família empresária esta vivenciando. Este conselheiro pode colaborar também com questões conflituosas entre a família, porém é uma tarefa delicada e depende da personalidade, e legitimidade que encontra entre os familiares e sócios. Sua atuação para harmonizar também tem limites, uma vez que faz parte do colegiado e tem conflitos de interesse. E, neste caso, deve identificar a necessidade de um mediador ou facilitador externo.