Um Conselho de Administração, dentro da visão de Governança Integrada, não pode agir apenas como um mero controlador de processos, ou formalizador de protocolos. O Conselho tem papeis claros de ação dentro de uma organização e um deles é o papel de Articulador.
A função do Articulador está diretamente ligada à competência política dentro do Conselho. Este papel é importante na hora de buscar coesão societária para as demandas do negócio, buscar engajamento da alta gestão no que tange às decisões dos sócios, auxiliar os conselheiros a aprimorar o processo decisório e também interagir com a comunidade, preservando as relações políticas da empresa, auxiliando a gestão de eventuais crises, e atuando na proteção da reputação empresarial.
Isso significa que o Conselho, em seu papel de Articulador, deve envolver acionistas, gestores, e os próprios conselheiros em busca do alinhamento. Ou seja, muito além de medir resultados, o Conselho deve ajudar a definir o caminho que a empresa deve seguir diante de dilemas e mudanças que afetam a cultura organizacional e os resultados, fomentando o debate com base no conhecimento dos conselheiros sobre o contexto geral do negócio
O problema dos conselhos enviesados
Conselhos efetivos são a principal chave da Governança Integrada, e uma das principais batalhas que o Conselho deve travar como um articulador para se tornar de fato efetivo deve ser contrabalançar ou eliminar os vieses, que afetam de maneira considerável o processo decisório.
O processo decisório envolve desde a etapa de entendimento e análise da situação, passando pela discussão das alternativas e a escolha da que melhor atende as necessidades da empresa. É claro que existem processos e políticas adequadas que facilitam uma boa tomada de decisão, mas isso não é suficiente para evitar fatores comportamentais e políticos que podem levar a falhas.
Isso chama a atenção para o impacto de fatores sociais e psicológicos no processo de fatores sociais e psicológicos no processo de tomada de decisão nos conselhos administrativos.
Foi o caso, por exemplo, de uma empresa que teve de enfrentar, ao mesmo tempo, um movimento de sucessão devido à aposentadoria de um CEO com ampla experiência global, junto de um processo de internacionalização. Ao enfrentar uma queda no valor das ações, seguida da compra de uma parte por um concorrente, a empresa passou a buscar um sócio estratégico e teve de realizar um rearranjo societário.
Com isso, o controle passou a ser dividido com dois players do mercado, e o viés da composição do CA acabou comprometendo suas capacidades de articulação, em que era impossível entender se os membros estavam agindo motivados por estratégia, ou por interesses dos sócios, abalando a confiança. Diante de um cenário em que cada um dos players tinha diferentes objetivos em relação à empresa que controlavam, apesar de a organização contar com regras decisórias muito bem definidas, a falta de coesão societária com reflexo no conselho foi um grande obstáculo para estabelecer o melhor caminho para uma estratégia de internacionalização.
Mesmo que os conselheiros tenham as competências, experiência e conhecimentos necessários, alguns vieses comportamentais precisam ser administrados nesse caso para que o conselho possa exercer seu papel de articulação. Além o mencionado acima há outros vieses muito comuns, são eles:
- Construtivo e agregador x autoritário e individualista;
- Ativo, questionador e testador de todas as decisões x decisor em função da maioria, dos líderes ou do presidente do conselho;
- Seguro x inseguro nas opiniões;
- Otimista x pessimista na análise dos temas;
- Foco nos problemas x foco nas oportunidades;
- Visão de curto prazo x visão de longo prazo;
- Formação Profissional;
- Origem cultural.
É natural que um ou mais desses vieses influenciem as discussões do conselho administrativo, no entanto, é função do presidente do conselho e de cada um dos conselheiros avaliar, de maneira contínua, se algum desses vieses está dificultando a capacidade de articulação do conselho.
Fortaleça as capacidades de articulação do conselho
Decisões ruins podem impactar consideravelmente a continuidade do negócio. No caso que citamos anteriormente, por exemplo, decisões como a de buscar um novo sócio estratégico alternativo sem a correta reflexão dificultou muito a capacidade de articulação implicando na demissão do CEO em menos de dois anos, abrindo flancos que levaram ao descontrole.
Como articulador, é dever do Conselho fomentar o pensamento estratégico e, para isso, os conselheiros podem solicitar à diretoria executiva elementos para ajudar nessa missão, como a construção de um mapa completo e detalhado da cadeia de valor, pesquisas sobre consumidores e análise de benchmarking sobre o posicionamento atual da empresa e da concorrência.
Mesmo que não façam parte do plano estratégico aprovado, diante de momentos de crise, é importante trazer para a discussão oportunidades que impulsionem o negócio, incluindo novas tecnologias, aquisições ou alianças estratégicas.
Mais importante do que contar com a estabilidade de um plano é estar pronto para tomar decisões em um cenário de mudanças e novos dilemas. O papel de articulação do conselho envolve ir além da elaboração de planos e sua execução, dando suporte à gestão de crises para dar à empresa a capacidade de manter-se competitiva, tanto no curto como no longo prazo.
Prever mudanças é praticamente impossível, mas contar com um processo de tomada de decisão eficiente é essencial para reagir rapidamente, garantindo a continuidade do negócio.
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