As brigas societárias podem destruir o valor de uma empresa. As duas atitudes mais comuns para lidar com conflitos ainda são negar o conflito ou acirrá-lo utilizando inclusive as ações judiciais. Porém, estas escolhas contribuirão para o enfraquecimento de relações importantes, prejudicando a construção de consenso e o alinhamento tão essenciais para uma gestão eficiente.
Disputas judiciais que se arrastam por anos vão minando a confiança dos investidores e dos clientes. Segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há mais de 100 milhões de litígios em andamento nos tribunais de todo o País.
Para os que querem prevenir ou lidar com a disputa de outra forma
As diferentes percepções em uma organização são comuns. São inúmeras armadilhas que o dia a dia apresenta: seja entre sócios divergentes quanto à exposição ao risco, à estratégia da empresa, indicação e sucessão para posições-chave, decisão entre investimento e distribuição de lucros. Ocorre também entre as instâncias da governança, entre conselheiros, e entre Conselho e o Presidente. Organizações perdem valor, têm sua imagem riscada e perdem seu maior recurso: o capital humano -fora o desgaste e enorme perda de tempo. Quanto vale a falta de uma decisão a tempo? Será que empresários e sócios calculam esta perda?
Existe uma ótima alternativa para lidar com disputas quando a negociação direta foi infrutífera: A mediação é um processo no qual as pessoas que estão em um conflito buscam uma solução através de uma negociação auxiliada por um mediador. É um procedimento com um custo baixo, eficiente e tempo curto que busca a melhor solução possível atendendo aos interesses de todos os envolvidos.
Além disso, uma vez que o sigilo e a confidencialidade pautam o processo da mediação, constrói um ambiente seguro para os participantes expressarem suas opiniões, essencial para que possam colaborar e compor de forma produtiva. A intenção da mediação não é necessariamente chegar a um acordo, mas sim proporcionar a compreensão das questões entre os envolvidos, de modo que possam refletir e definir suas reais intenções, possibilitando a abertura de novas possibilidades. É um processo que emancipa, uma vez que as próprias pessoas envolvidas enxerguem opções e caminhos para resolver os seus próprios conflitos.
A mediação vem sendo inserida cada vez mais no contexto da Governança Familiar e Governança Corporativa. Na visão de Mervyn King (Mediating Corporate Governance Conflicts and Disputes) * a governança corporativa diz respeito não apenas à maneira como uma diretoria dirige e monitora uma empresa, mas também como tomam as decisões, especialmente em temas e responsabilidades com riscos futuros incertos. Portanto, é natural que as divergências e conflitos ocorram, e o melhor para a empresa é resolvê-lo de forma eficaz, com celeridade e eficiência.
A mediação mostra-se eficaz como técnica e metodologia que auxilia a comunicação e tomada de decisão, apoiando a busca de equilíbrio entre as expectativas e interesses distintos que são explicitados nos fóruns (de gestão e governança), nos núcleos familiares e pelos indivíduos.
É fundamental ter mecanismo adequado para resolver litígios.
E, para garantir o conhecimento e este caminho, é importante estabelecer cláusulas no Acordo de Sócios que regem que o conflito deve ser, primeiro, objeto de mediação, e caso não haja uma solução, que seja submetido à arbitragem, evitando a judicialização. Conheça um pouco mais sobre a Mediação na cartilha de Mediação Empresarial do GEMEP-CBAR (Grupo de Estudos de Mediação Empresarial Privada).
*Fonte: RUNESSON, Eric M. ; GUY, Marie-Laurence .Mediating Corporate Governance Conflicts and Disputes/Focus 4. Washington:Global Corporate Governance Forum , International Finance Corporation,2007.p.5)