Qual é o comportamento da próxima geração de líderes? Como deve se dar a preparação do herdeiro para assumir posição de destaque na empresa familiar? Especialistas em sucessão são unânimes em apontar alguns passos que garantem maior eficiência no plano de sucessão. O primeiro é orientar o herdeiro a começar a carreira em outra empresa. A confiança e a autoestima são reforçadas quando suas qualidades profissionais são testadas num ambiente não-familiar, e isso vem sendo seguido pela maioria das empresas familiares de acordo com uma pesquisa realizada por uma consultoria internacional, que indica que 73% dos brasileiros trabalham fora antes de atuar na empresa da família.
Essa tendência na preparação do herdeiro é semelhante globalmente e David Bentall, consultor canadense, ressalta que “na minha experiência, muitas vezes a geração mais velha não exige que a mais nova trabalhe fora. Eles se juntam à empresa sem ter formação e experiência adequadas, e sem experimentar o mundo real. O fato de mais de 70% das futuras gerações de líderes ao redor do mundo estar ganhando experiência em outras empresas antes de juntar à empresa da família é uma tendência muito animadora”.
Outro passo que faz parte da orientação dos especialistas em sucessão é que ao entrar na empresa da família — sempre por baixo –, o salário deve ser condizente com seu nível funcional e faixa etária.
Outra indicação para facilitar o processo de preparação do herdeiro é a contratação de um mentor, criando um ambiente de confiança e de orientação profissional onde o herdeiro possa compartilhar situações e obter auxílio ao escolher a estratégia de ação que irá colocar em prática.
E, por fim, o pai jamais deve obrigar o filho a seguir seus passos. Sonhos não devem ser impostos.
Passo a passo até a mais alta posição
A pesquisa identificou que muitos herdeiros fazem uma breve passagem pelo negócio da família – geralmente logo após concluir a faculdade – e depois ficam um período mais longo atuando em outras empresas, antes de retornarem ao negócio familiar. Para os especialistas em sucessão e preparação do herdeiro, esse comportamento oferece o melhor dos dois mundos à futura geração. Ao trabalharem por um tempo na empresa familiar, eles ganham uma visão prática da empresa familiar – cultura, ambiente, estratégia, desafios e problemas – e podem usar essas informações para obter o tipo certo de experiencias em outra função fora da empresa e desenvolver as habilidades específicas que são necessárias para a longevidade do negócio familiar.
E quando retornam ao negócio familiar, mais da metade dos herdeiros começa em uma função inferior, e, com o tempo, vai subindo na hierarquia.
10 regras de ouro para os herdeiros
A ideia é que quando passa a realmente fazer parte da empresa familiar, o herdeiro, além de trazer um olhar externo e uma bagagem mais completa, tenha mais segurança para mostrar que ocupa o posto por competência, e não por conta do seu sobrenome e, para isso, ele deve seguir essas regras:
- Conquiste experiência fora primeiro
- Prove e comprove
- Assuma um cargo apenas quando estiver qualificado para ele
- Esteja consciente do seu próprio comportamento
- Não coloque pressão sobre si mesmo
- Insista em receber uma avaliação adequada
- Trate a mudança com cuidado
- Comunique, comunique e comunique
- A sucessão é um processo, não um evento
- Divirta-se
Por isso, é fundamental que durante a preparação do herdeiro se identifique quando realmente ele está qualificado para o cargo, com uma função clara a ser desempenhada e que seja necessária a continuidade do negócio, e não um cargo inventado para o acomodar na empresa. A legitimidade do cargo influenciará diretamente na gestão e na saúde da corporação.
Ele precisa comprovar que pode gerar valor para a empresa, mostrando para os colegas de trabalho que merece confiança. Na maioria dos casos, a melhor forma de conseguir isso é adquirindo primeiro experiência fora da empresa familiar, com apoio em treinamento formal e qualificações. Uma vez no cargo, é preciso ter paixão e persistência para promover a mudança.
E os herdeiros realmente não querem apenas “fazer número”. Eles estão mais seletivos em relação aos papéis que assumem e querem um trabalho que corresponda às suas habilidades e onde possam se destacar e não uma posição que poderia ser melhor desempenhada por outra pessoa.